Programas de televisão com teatro de bonecos no Brasil

No âmbito nacional, muito da produção televisual com bonecos é voltada ao público infanto-juvenil, com emissões de seriados de ficção e programas com temática socioeducativa.

Já na implantação da televisão no Brasil, em 1950, com a TV Tupi dos Diários Associados, em São Paulo, a programação das redes envolve uma miscelânea de assuntos, e formatos, entre eles, uma programação infantil. A Tupi, já em 1951, adapta, no esquema de teleteatro, as aventuras do Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato.

Desde então, tem-se verificado como característica do gênero televisivo voltado para crianças e jovens a busca de “experiências internacionais e também argumentos da literatura para os roteiros de programas que entraram para a história e influenciaram o gênero”, afirma Souza (2004, p. 117), ao citar exemplo de atrações como Vila Sésamo, a versão brasileira, produzida pela TV Cultura, para 123 Sesame Street – programa idealizado por Jim Henson e que conta com bonecos muppets – e o próprio O Sítio do Picapau Amarelo, em produções do anos 1970.

A partir da década de 1980, a programação infantil na televisão brasileira passa a ser formatada, de maneira generalizada, no turno da manhã, em atrações comandadas primeiro por atores mascarados ou travestidos, como Bozo (criado nos EUA, em 1949, e com adaptação brasileira transmitida pelo SBT, entre 1980 e 1991) e Fofão (dentro da atração Balão Mágico, na Globo, entre 1981 e 1986).

Mais tarde, o comando dos programas passa para diversas apresentadoras, em programas infantis de variedades – compostos de cenários com plateia, assistentes de palco fantasiados, atividades e brincadeiras com distribuição de brindes, números musicais –, tudo isso intercalado com desenhos animados e outros seriados em live-action.

Voltado para o público jovem, a Rede Globo apresentou, durante os anos de 1984 a 1987, o programa semanal Clip Clip, que era comandado por dois bonecos, Edgar Ganta e Muquirana Jones. Os personagens foram concebidos e interpretados por Luís Ferré e Roberto Dornelles, do grupo gaúcho de teatro de bonecos Cem Modos. A fórmula consistia em colocar os bonecos, que eram articulados pela técnica da manipulação direta, com as mãos dos bonequeiros aparentes, em cenários variados (o Oriente Médio, por exemplo), para chamar videoclipes dos artistas musicais mais vendidos do momento, de Michael Jackson ao brasileiro Leo Jaime.

Ainda neste período, são exibidas séries nas quais os personagens centrais são bonecos e robôs, como Alf, o ETeimoso (criada pela rede americana NBC, estreando no Brasil em 1987), Super Vicky (da rede ABC, no Brasil, chega em 1987) e, a partir dos anos 1990, a Família Dinossauros (produzida pela Disney, com conceito e bonecos criados por Jim Henson, e exibida no Brasil a partir de 1992), todos estes citados em veiculação predominante na Rede Globo.

Em 1993, estreia na TV Globo o que pode ser considerado o mais elaborado programa infantil com bonecos no país, a TV Colosso. Partindo da expertise do grupo Cem Modos no Clip Clip, a emissora lança o programa comandado por cachorros em substituição ao Xou da Xuxa, que estava há sete anos no ar. O pano de fundo das histórias é um canal de televisão, no qual os animais se dividem em tarefas como apresentação, reportagem e produção.

Como emissora educativa e cultural, a TV Cultura de São Paulo vai, desde os anos 1970, primar por produções infanto-juvenis, em programas como Bambalalão (1977-1990), que incluía teatro de fantoches e contação de histórias; Rá-tim-bum (1989-1992), que versava em torno de temáticas como higiene, ecologia e cidadania; Glub-Glub (1991-1999), sobre educação e natureza; X-Tudo (1992-2002, em coprodução com o Sesi), tendo na ancoragem o boneco X; Castelo Rá-tim-bum (1994-1997), com abordagem pedagógica, dirigido por Cao Hamburger e Cocoricó, situado em uma fazenda, com um núcleo de produção dentro do canal, e transmitido desde 1996. Mais recentemente, a Fundação Padre Anchieta criou a TV Rá-tim-bum, no ar desde 2004, que retransmite programas da TV Cultura e apresenta outras atrações, voltadas sempre para o público infantil.

E existem muitos outros, produções regionais e em televisões educativas em vários estados brasileiros, como veremos, no caso do Rio Grande do Sul.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SOUZA, José Carlos Arochi de. Gêneros e formatos na televisão brasileira. São Paulo: Summus, 2004.

SOBRE O PROJETO IMAGENS MARIONETÁVEIS

O projeto IMAGENS MARIONETÁVEIS – O TEATRO DE BONECOS NA TELEVISÃO DO RS é uma realização da artista visual, jornalista e produtora cultural Yara Baungarten e apresenta uma série de postagens para a internet sobre produção de teatro de bonecos para a televisão gaúcha, desde os anos 1970 até hoje. Trata-se de um passeio pela história do teatro de bonecos e da televisão, com os principais grupos e companhias envolvidas, as técnicas de manipulação mais utilizadas nos programas e os formatos televisivos.

Yara Baungarten: artista, jornalista, pesquisadora e produtora cultural

A série de dez publicações digitais pode ser acompanhada, entre 05 a 26 de outubro de 2020, às segundas, quartas e sextas-feiras, através do Instagram e Facebook de Yara Baungarten (@yarabaungarten). A última publicação será um e-book, resultado da compilação de todo o material, também chamado IMAGENS MARIONETÁVEIS – O TEATRO DE BONECOS NA TELEVISÃO DO RS, disponível no site www.imaginaconteudo.com.

Este trabalho conta com o financiamento do Edital FAC DIGITAL RS.

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