Por Rodrigo dMart
“Mais faceiro que ganso em taipa de açude“, como diz um ditado regional gaúcho; ou seja: “louco de feliz!“. Brincadeiras à parte, explico a situação.
Vinicius Rodrigues, professor e mestrando em literatura brasileira publicou um artigo para a revista acadêmica Cadernos do IL, do Instituto de Letras da UFRGS, sobre a graphic novel “Um Outro Pastoreio”, livro lançado, em 2010, em parceria com ilustrador Indio San.

O artigo de Vinicius – intitulado “‘Não Conto… Reconto!’: Um Outro Pastoreio e o Sincretismo Narrativo” – decifra e amplifica a aventura que compartilhei com Indio San ao longo de cinco anos de processo na criação da novela gráfica. É extremamente gratificante quando alguém se debruça e faz uma análise rigorosa do trabalho e consegue trilhar e refazer os caminhos que nos levaram ao resultado alcançado.

“Um Outro Pastoreio” trata de reinvenção, de recontagem, do desafio de buscar uma roupagem contemporânea para uma lenda regional, de transpor fronteiras culturais. E ainda: uma tentativa de dois amigos de experimentar uma narrativa híbrida (quadrinhos, literatura, fotografia, teatro de bonecos, ilustração) ou “sincrética” – como aponta Vinicius – sem a mínima noção onde (e se) poderíamos chegar.

Com rigor acadêmico, o professor Vinicius traça paralelos e diferenças entre as narrativas de nosso livro e a obra magnífica do escritor regionalista João Simões Lopes Neto – a lenda sulista do “Negrinho do Pastoreio” – que é o ponto de partida do projeto. Mostra erros e acertos. Aprofunda as relações com a religiosidade afro-brasileira: a mitologia dos orixás. Cria novas conexões e referências entre estudiosos e artistas de diferentes áreas como Eddie Campbell, Scott McCloud, Will Eisner, Bill Sienkiewicz, Neil Gaiman, Dave McKean, Claude Lévi-Strauss, Augusto Meyer, Reginaldo Prandi e outros. Enfim, Vinicius Rodrigues recria a graphic novel pelo olhar acadêmico.

Abaixo, republicamos o artigo. Mas atenção! É um spoiler: traz revelações sobre o enredo do livro. Se você ainda não leu, este texto pode estragar o prazer da leitura. Por outro lado, para quem leu, é uma forma instigante de se aprofundar o universo de “Um Outro Pastoreio”.
Arquivo em formato PDF: Artigo_Vinicius_Rodrigues_Nao_Conto_Reconto_Cadernos_do_IL_UFRGS
Poxa, locodefaceiro fiquei eu agora. Que bom que honrei a obra e os autores! Fico muito feliz, pois é um trabalho que mexeu comigo e muito me emocionou. Um abraço e sucesso!
Há pessoas que possuem grandes facilidades para o lado criativo, mas para a criação prevalecer em sua vida e no seu dia-dia, é preciso estudar e procurar sempre aperfeiçoar esse dom, pois como toda atividade que fazemos exige treinamento, e tudo que é deixado de lado perdesse a prática, portanto para que permaneça a essência é preciso obter conhecimentos, buscar sempre informações e novas referências.
Como podemos ver é claro que para criar essa nova história o Índio e Mart, utilizaram de seus conhecimentos e experiências vividas, buscaram referências de outras literaturas, principalmente do livro “Neguinho do Pastoreio”, aonde no seu livro eles recordam o mito e a conexão com a mitologia afro-brasileira.
Uma inteligência que percebi foi a Lógica já que para criar a história eles se embasaram em um livro muito conhecido e antigo o “Negrinho do Pastoreio”, eles utilizaram da memória para começar a história, talvez não fosse possível se eles não utilizassem desta referência e do pensamento lógico, já que para cria é necessário pensar de maneira lógica e objetiva, portanto para se escrever um livro a história precisa ter nexo, não se pode apenas criar, tem que pensar na história do começo ao fim, tem que ter um começo, meio e fim de uma história. Podemos perceber também que eles utilizaram mais o lado direito do cérebro, e ao longo do tempo foram aperfeiçoando este lado.
A inteligência Espacial foi também usada por eles, devido ao livro ser algo criativo e
contém desenhos abstratos com profundidade, volume, desenhos esses, que são diferentes e na primeira impressão são até esquisitos, mas ao longo da história você passa a entender o conceito, possuem uma capacidade e sensibilidade enorme para desenvolver a drama e ao mesmo tempo utilizam das arte gráfica para persuadir o leitor.