Videoclipe “Passa a Bola”, de Edu daMatta

Passa a Bola” é o novo clipe do músico e compositor gaúcho Edu daMatta e integra a trilha sonora do curta-metragem “Futebol Sociedade Anônima“, realizado pelo coletivo Moviola Filmes. Aproveito o lance para falar um pouco desta figura.

Conheci o Caboclo (a.k.a. Carlos Eduardo Mattos a.k.a. Edu daMatta), em meados dos anos 80, por intermédio de meus irmãos (o cantor Joca Martins e o multiinstrumentista Negrinho Martins). Por conta do apogeu do nativismo, festivais de música germinavam por todo o Rio Grande do Sul. E tal como é até hoje, vivíamos o embate entre o tradicionalismo e a música urbana.

O Caboclo estava no front, reunindo-se àqueles que sempre se importaram com a expressão e não com a repressão: uma arte sem manuais e sem rótulos. Ele acabou por se inserir no rol dos transgressores e seu trabalho musical sempre transitou entre temáticas urbanas e rurais. Justamente esta variedade temática de campo/cidade e regional/global foi espelhada no vinil “Gibi“, lançado de forma independente em 1989, por Caboclo e o grupo Bando de Sandino.

Capa do vinil “Gibi”, de Edu daMatta e o Bando de Sandino (1989)

Na ressaca cultural do governo Collor, no início dos anos 90, ele se bandeou para a Europa, vivendo clandestinamente na Espanha, Portugal e outros países. Por lá, durante 7 anos, fez de tudo: colheu frutas, morou em cavernas, conheceu traficantes e ex-agentes da CIA, vendeu discos, foi garçom, viajou, casou e descasou, escreveu e compôs muitas canções. Um pouco disso, foi resgatado recentemente no disco virtual “Feijoada na Tuba” (disponível para download), lançamento do portal Vitrola.net, que apresenta trabalhos inéditos dele gravados nestas andanças pelo Velho Mundo.Caboclo é um compositor prolífico, uma usina de idéias e de sons, e possui algumas centenas de obras. A maioria delas registradas em MD ou fitas K-7. É legal saber que, ao menos, uma pequena parcela está disponível na internet.

Antes da virada do milênio, Caboclo retornou ao Brasil. Fui um dos primeiros a telefonar para o vivente. Lembro que ele estava tão acostumado ao espanhol que mal conseguia articular a conversa em português. Foi através do contato dele com o pessoal da Doidivanas que foi possível a gravação e o lançamento do CD “Carnaval na Babilônia“, em 2002. Um projeto que envolveu dezenas de artistas, atores e músicos de todas as tendências musicais da cidade, do hip-hop ao jazz, da seresta ao rock’n’roll, do samba ao nativismo.

Deste álbum, a partir de um trabalho coletivo realizamos o videoclipe de “Barracão“, releitura de Edu Damatta, para composição de Luís Antônio e Oldemar Magalhães, clássico da velha guarda da MPB que ficou popular na voz de Noite Ilustrada. O clipe foi dirigido por mim, Rui Madruga, Cuca Moreira e Jaques Rangel, com o auxílio de uma penca de artistas e de amigos, produzido ao custo de duas fitas de Mini-DV, apoios e colaborações.

Poucos sabem, mas o Caboclo também é um escritor e cronista de mão cheia. Publicou vários textos em fanzines, jornais e revistas alternativas de Pelotas e Arroio Grande, cidade onde se criou na infância e juventude, mas nascido no Rio de Janeiro.

Enfim, o Edu é uma figura de destaque na cultura da zona sul do RS: um verdadeiro agitador cultural. Ótimo saber que segue transgredindo e criando belas canções, sempre acompanhado de novos e velhos amigos. Longa vida ao “Cabo Lôco“.

Tanto o vinil (“Gibi”, em início de carreira, quando Edu fazia parte d’O Bando de Sandino, lançado em 1989
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2 comentários Adicione o seu

  1. Zaqueu Soares disse:

    Buenas! Dentre cousas qu’eu ainda não sabia sobre o daMatta, este outro pseudônimo dele (Cabo Lôco) é mais que apropriado, heim?! Hehehe!

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