Confesso. Foi uma desculpa. Uma boa desculpa, a bem dizer. Por causa da novela gráfica “Um Outro Pastoreio“, tive o privilégio de conhecer uma destas pessoas que costumamos chamar de “lendas vivas”. É o caso do ilustrador e cartunista Renato Canini.

Fui recebido com um sorriso franco pelo próprio e a esposa, dona Maria de Lourdes (também desenhista e escritora), em sua residência, em Pelotas, onde reside há 7 anos.

Pude conhecer algumas histórias do tempo em que Canini esteve na editora Abril, nos anos 70,  ilustrando histórias em quadrinhos do personagem Zé Carioca para a Disney.

Incrivelmente, ele foi afastado da editora por tornar o personagem brasileiro demais.  O curioso é que, em 2005, Canini foi contemplado com um número próprio na série de quadrinhos “Disney Grandes Mestres“, lançado pela própria Abril.

Mas resumir a carreira de Canini à Disney é uma reducionismo sem igual. Nascido em 1936 em Paraí, na serra gaúcha, Canini iniciou a desenhar desde pequeno mas firmou o passo na carreira da ilustrador a partir dos anos 60. Ilustrou para a antiga revista Recreio, para publicações como a Pancada, Pasquim, Patota e nos jornais Zero Hora,  Jornal do Brasil e outros. Criou personagens incríveis como Dr. Fraud, Tibica, Zé Candango e Kactus Kid. Uma biografia mais esmiuçada de Canini está disponível na Wikipédia.

E vale uma olhada nos divertidos curtas “Kactus Canini Kid, uma Graficobioanimada” (2004) e “Kactus Kid” (2005), ambos dirigidos por Lancast Mota.

Atualmente, Canini luta para publicar o livro “Pago Pra Ver“, com ilustrações sobre o universo regional gauchesco. Tive a honra de segurar alguns originais das ilustrações. É possível conhecer mais sobre o projeto no blog Tinta China da Grafar, Grafistas Associados do Rio Grande do Sul.

Espero que alguém “pague pra ver” e a gente possa logo ter acesso a estas ilustrações recendendo à tinta fresca. Uma pequena homenagem a este mestre dos quadrinhos do Brasil.