A publicação chega à sua segunda edição, com ilustrações assinadas por Sílvia do Canto. Autógrafos e uma roda de conversa acontecem na Biblioteca Cirandar, a partir das 18h30, na quarta-feira, dia 27/09
Escritora baiana, radicada há 20 anos no Rio Grande do Sul, Fabiana Sasi inspirou-se para a criação da história a partir de sua vivência com a filha de uma amiga, ao ouví-la e tentar responder um de seus muitos questionamentos. Para enriquecer a história foi acrescentando elementos simbólicos das tradições de matriz africana e entrelaçou o tempo e o resgate da memória como elementos significativos na construção de processos identitários de pessoas negras.
A publicação infantil conta a história de Lia, uma guriazinha bem “perguntadeira”, que se surpreende ao perceber que a jovem tia está começando a ficar grisalha. Em busca de respostas, Lia recorre à avó, e com ela, descobrirá o valor de cada fio branco como fonte de sabedoria e memórias preciosas.
O livro de Fabiana Sasi busca ser um instrumento para visibilizar a tradição da cultura oral africana na transmissão de saberes e histórias. Através da valorização dos fios de cabelos brancos da personagem da avó e a inquietude por novas descobertas presente na menina a publicação une as duas pontas do ciclo da vida e destaca a função social do ancião na cultura africana.
Para celebrar a infância e as crenças
Lançado durante a pandemia de Covid-19, pela primeira vez a obra vai ter uma sessão de autógrafos aberta ao público de maneira presencial. A data escolhida para o lançamento da segunda edição marca o dia dos protetores das crianças, os Ibejis, divindades da cultura africana, comumente sincretizados no Brasil com os gêmeos Cosme e Damião.
Celebrando a infância e as crenças fundadoras da religiosidade de matriz africana, o evento traz no dia 27/09 a oralidade da contação de histórias e algumas comidas de terreiro ofertadas aos pequenos, como: caruru, pipoca, atam e outras guloseimas.
Trazendo sua experiência como editora e produtora audiovisual, Fabiana desenvolveu a história usando métodos bem semelhantes ao de um roteiro de filme. O texto narrativo foi sendo composto com uma linguagem muito próxima à espontaneidade presente na oralidade.
A intenção da autora foi que a publicação pudesse ser enriquecida com uma série de elementos não verbais, coisas que pudessem avivar memórias comuns, gerando identificação com o público ou apresentando a muitos leitores aspectos da cultura afro-brasileira que sofreram apagamento ao longo do tempo.
Um projeto cultural e educativo feminino
Assim como a história que apresenta uma configuração familiar matriarcal (avó, tia e neta), o projeto reforça a autonomia e importância feminina na sociedade com uma equipe majoritariamente composta por mulheres. A ilustração é da artista visual e ceramista Sílvia do Canto que, inspirada em tons da natureza e da terra, aponta a diversidade de tons da pele negra e reporta ao mito iorubano de criação do “homem” através do barro.
Na coordenação de produção, Yara Baungarten traz sua experiência de treze anos à frente da Imagina Conteúdo Criativo, empresa de produção cultural. A divulgação digital ficou a cargo da jornalista Loraine Luz.
Para a revisão textual, a bacharelanda em Letras na UFRGS, Laura Cravo Pedroso. E na locução e edição do audiolivro, Claudia Sempé, sócia-diretora da Videoarte Produções. O livro foi feito de forma independente, sendo editorado por Gilberto Menegaz, que atua há 26 anos como diretor da Imagens da Terra Editora.
Ao acrescentar elementos da cultura negra, a obra busca reverenciar parte da lei nº 10.639/2003 que inclui o ensino de história, cultura afrobrasileira e africana no currículo das escolas brasileiras. O livro possui um pequeno glossário ilustrado contemplando as definições de termos presentes no texto como: Ori, Oxalá e Iroco, e destaca outras palavras da diáspora africana, faladas no Brasil.
Repercussão e premiações
Desde o lançamento da primeira edição “O Fio da Memória” vem recebendo importantes prêmios literários no RS, sendo escolhido como melhor publicação infantil no Troféu Açorianos de Literatura, de Porto Alegre e vencendo o troféu Carlos Urbim de Literatura para infância, prêmio da Academia Riograndense de Letras. Sílvia do Canto foi ainda finalista na categoria ilustração no
prêmio Minuano de Literatura, organizado pelo Instituto Estadual do Livro.
A segunda edição de “O Fio da Memória” foi contemplada com o Edital de Concurso FAC Publicações da Secretaria de Cultura do RS com recursos do PRÓ-CULTURA RS FAC – Fundo de Apoio à Cultura, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Tem apoio da Gráfica Odisséia e Imagina Conteúdo Criativo.
A nova edição conta ainda com um audiolivro, como medida de acessibilidade. Os detalhes da publicação e outras ações de acessibilidade podem ser acompanhados no Instagram @ofiodamemoria. Também neste perfil estão os resultados das atividades formativas de narração de história e ilustração, que Fabiana e Silvia organizaram nos Quilombos Urbanos do Areal e da Família Silva, ambos em Porto Alegre.
Teça o fio!
O lançamento na Biblioteca Cirandar é livre para todos os públicos e acontece a partir das 18h30, quarta-feira, dia 27/09, com sessão de autógrafos e venda de exemplares. Interessados em adquirir O Fio da Memória também podem entrar em contato pelo e-mail ofiodamemoria@gmail.com ou pelo whatsapp 51 996271286.




